Rosa Righetto

Amor Paixão e Sentimentos

Textos


 O MISTÉRIO DO LAGO AZUL

      
A lua beija a superfície prateada do lago azul, ao som dos pirilampos, sapos, raios e trovões, faz-me recordar a minha irmã Eliza.

    Naquele lindo lago azul de dia iluminado pelos raios do sol, a noite cintilava ao brilho da lua, Eliza  fazia daquele lugar seu paraíso, ao longe avistava-se uma casinha velha de pau a pique, (madeira) janelas e portas abertas...Eliza nunca se atrevera ir por aquelas bandas, porém, passava horas e horas na orla do lago, sempre com seu vestido branco longo, cabelos presos, cheia de mistérios. Às vezes, mergulhava, admirando a beleza que existia no fundo do lago azul.
        
    Muitas vezes Eliza me convidara, vamos Sofia, vamos comigo ao lago.***eu nunca aceitei, sempre tive muito medo daquele lugar, 

    Certa vez*** Contou-me “Eliza”, ela mergulhara fundo no lago, viu  embaixo daquele fundo muito barro e sujeira, dizia ela não entender, como um lago tão lindo em sua superfície poderia existir tanta sujeira ao fundo,. Eliza confidenciara que aquele lindo lago azul tinha um sinistro  "que" de mistério porém a fascinava.  
  
    Num de seus mergulhos, aquelas águas se mostrou violenta, um redemoinho forte, sentira suas forças decaírem, ia sendo puxada para baixo e cada vez mais ia sendo sugada, algo ia lhe prendendo e prendendo ao meio de toda aquela sujeira. 

     Quanto mais ela tentava se soltar mais era engolida pela água agitada do lago, e para o fundo ela descia. Sentiu a morte lhe puxando, bem no fundo avistou um vulto que não lhe era estranho, lhe parecia bem familiar, o vulto acenava com a mão chamando-a, o medo o pavor, até que num impulso ela conseguiu emergir, no momento ficou totalmente apavorada, tremia de pavor, pois dizia quase ter morrido afogada. 

     Contudo, estava ela sempre a beira do lago, nada nem ninguém conseguia afastá-la dali. Algo a atraia aquele lugar, entre o lago e a casinha no alto da colina existia algo  fascinante e fazia com que Eliza ficava horas e horas paralisada admirando aquele lugar.

     Certa noite, a lua ia bela no céu morno com o frescor das águas. No lago azul exalava um perfume adocicado. Eliza passeava  sempre sozinha pelos arredores do lago ***. As estrelas do céu se apagaram uma a uma e a lua se fazia sonolenta se escondendo no leito das nuvens quando uma sombra parecendo de homem surgiu numa janela da casinha solitária e escura no alto da colina. Eliza dizia a si própria,*** sim, era um vulto masculino uma forma branca, a face daquele homem era qual de uma escultura descorada, pela face dele como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas, aquela cena a deixava confusa. 

     Apavorada encostou-se ao tronco de uma árvore e passou a observar aquela figura, lhe parecia familiar. A visão desapareceu no escuro da janela... E daí um canto se estendia. Não era só uma voz harmoniosa, havia naquele cantar um lamento, choro de insensatez, um choro meio que alucinado,  dizia chamar por ela, e ouvia nitidamente***Elizaaaaaaaaaaa*** um como gemer de insanidade, aquela voz era nebulosa bem igual a do vento à noite nos cemitérios cantando a nênia das flores mirradas da morte.

      Por mais apavorante que fosse Eliza, estava ali., sempre e todos os dias.*** Quando acordava e se dava conta, estava ela naquele lugar escuro e sombrio: sempre vendo as estrelas  passando com seus raios brancos! E os mistérios daquele lugar, de um lado o lago, do outro a velha casinha abandonada. 

     Assim Eliza caminhava todas as tardes e noites na orla do lago azul, e cada dia uma história, porquanto dizia ela pressentir  ali o que rondava era o seu amor, pois a muito morrera afogado naquele lago, e como que num vicio todas as noites ali estava ela, a lua sumira no céu, as gotas densas de chuvas caiam sobre sua face, sentia ela as lágrimas que rolavam quanto sempre avistava o vulto, o medo, pavor,contudo ela se sentia presa aquele lugar, por mais que queria não conseguia ficar distante sequer um dia do lago.

     Certa vez, me atinou uma imensa saudade de Eliza, resolvi como que dominada por uma imensa vontade, ou quase meio que forçada passear no lago. La chegando Antes do mergulho olhei atentamente a casa velha, uma rajada de vento passou e avistei a porta que batia  abrindo e fechando. Por fim  me despi,  fui como que algo me puxando dar um mergulho, quando dei por mim estava adentrando nas águas gelada do lago.

     Mergulhei até o fundo, constatei que realmente havia muita sujeira, exatamente como Eliza relatara. Um emaranhado de ramos  me enroscavam, de repente senti-me atraída como uma força  me arrastando, puxando e puxando cada vez com mais intensidade para baixo. 

     Quase já sem fôlego me debatendo muito, visualizei no fundo
daquelas águas um vulto de um homem ao meu encontro, firmei a visão abrindo bem meus olhos que ardia em meio aquela sujeira, outro vulto, parecendo agora de uma mulher que sorria e me chamava acenando com a mão, por um momento pensei estar vendo Eliza, estava cada vez mais perto de mim, foi ai que me desesperei vi a morte se aproximando.

     Lembrei-me que Eliza havia me relatado fato semelhante, só que agora com uma diferença parecia ser ela própria naquele vulto tentando me levar, seria Eliza? Num momento de muita lucidez e   com todas as forças que me restavam consegui sair. Respiração ofegante, amedrontada e tremendo muito me vesti, sai correndo direção a minha casa que ficava do outro lado da colina, lado oposto da casinha de pau a pique pois o lago ficava no entremeio. Permaneci calada, assustada, paralisada.    Fiquei muito tempo sem voltar lá.  

    Hoje com idade já avançada, quando dou por mim estou La, tentando  amenizar a saudade que sinto de Eliza.

    E até os dias de hoje o mistério continua. Pois Eliza  fora encontrada morta e enterrada a beira do lago, de que morrera não se sabe. Mesmo depois de Eliza já ter morrido, tem pessoas inclusive eu,  conseguem ver a figura dela passeando na orla do lago azul,

   Mas somente as pessoas que estão para morrer conseguem ver a alma de Eliza e ouvir o som de seu canto harmonioso.***

ROSA RIGHETTO  - 19/05/10
 
LINK DO SITE
www.rosarighetto.prosaeverso.net/visualizar.php
 
 
 
Rosa Righetto
Enviado por Rosa Righetto em 19/05/2010
Alterado em 25/05/2010
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras