Rosa Righetto

Amor Paixão e Sentimentos

Textos


 
O VALE DAS TREVAS
 
********Viver é um desafio invariável. Às vezes as ilusões ofuscam nossa lucidez deturpando as situações. Alguns acontecimentos tentam nos confundir entre o real e o irreal. Porém com sabedoria nos colocamos diante da eterna chama da verdade que ofusca nossas ilusões nos forçando a distinguir o falso do verdadeiro. 

********Chovia fraco la fora, de vez em quando um raio rasgava o céu iluminando fugazmente a paizagem noturna. Agarrei-me ao travesseiro puxei pela coberta, temperatura agradável ao som da chuva batendo na vidraça, perfeito para uma boa noite de sono, adormeci. 
********Nas profundezas do inconsiente, abandonei meu corpo, e viajei no imponderável. Caminhando por vales desconhecidos cheguei num lugar alto um morro aterrorizante, o vento forte zunia aos ouvidos, um frio que queimava na pele. E a água descia rubra da montanha sobre a superfície negra daquele lugar assombroso. 
********Pessoas passavam,  tantas, que de longe tinha-se a impressão de ver uma procissão. Seguia gemendo, como se dor sentissem, rastejando, sujos maltrapilhos, Eu tentava me livrar, minhas pernas pareciam não suportar o peso do corpo. 
********Me senti perdida num lugar totalmente desconhecido, comecei então a seguir aqueles zumbis, sim, pois eram o que a mim pareciam . Caiam e levantavam como se estivessem em câmera lenta, olhares vazios, profundos.
********Comecei a viver ali naquela terra sombria um imenso pavor, por mais que eu tentasse não via a saída. Perguntava ninguém me ouvia, compreendi que estava me tornando pequenina. Tudo ao meu redor era assustador, olhei para todos os lados só vi desolação, nuvens negras num solo infértil. 
********Subitamente o chão começou a se abrir, centenas daqueles seres com olhares cruéis sob o comando de uma terrível criatura gelatinosa com imagem bestial veio em minha direção. Outra coisa começou a acontecer. Uma voz sinistra brotou das profundezas, e dizia****Nesse lugar não há salvação, todos permanecerão longe da luz, ficarão nas  trevas  e estarão sob meu domínio, aqui impera o meu reino.
********Aqueles miseráveis eram todos sofredores, estavam condenados a viver no vale sombrio e eu agora fazia parte. O choro veio abruptamente tapei meu rosto com as mãos, e cai de joelho. O desespero já tinha me dominado quando sinto uma mão suavemente tocar minha cabeça, uma senhora com um véu no rosto, me tomou pela mão, e silenciosamente fomos saindo sem olhar para traz.  
********Caminhei muito, exausta quase sem forças pude ver uma luz no alto do morro. Atravessei   uma pinguela (tronco de árvore atravessada sobre rio) chegando num lindo vale, Nem havia notado a senhora que me ajudou já não estava comigo, não pude ver seu rosto. 
********Segui em frente, visualizei uma casinha de pau á pique ( madeira) onde avistei um senhor sentado numa cadeira de balanço na varanda. Para minha surpresa aquele senhor era o meu pai que havia falecido há cinco anos. Então eu perguntei***Pai é aqui que você mora?***Sim filha***Que saudade meu pai***O senhor está bem?***Sim estou bem, melhor do que onde eu estava. Abraçou-me demoradamente com carinho, lágrimas derramei copiosamente. ***Não chore filha, um dia vamos estar todos juntos. Adentramos a casa, me agasalhou, colocou-me na cama, beijou-me a face, se retirou.
 
********Acordei no meu quarto, já era dia,fiquei um tempo a olhar para o teto fixamente. Levantei-me, abri a janela, contemplei a paisagem com uma paz infinita.O tempo ainda meio nublado,porém o dia maravilhoso. Como um filme, visualizei o que me transcorrera durante meu sono. Por vezes acabamos que consciente ou inconscientemente por nos conduzir ao vale do desajuste e da dor. Até que a audácia de uma alma forte nos conduza e nos oriente mesmo que através dos sonhos.
 
ROSA RIGHETTO
 
14/06/10
Rosa Righetto
Enviado por Rosa Righetto em 14/06/2010
Alterado em 21/06/2010
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